![Secretário de Defesa dos EUA diz que negociações de paz não são uma “traição” à Ucrânia Secretário de Defesa dos EUA diz que negociações de paz não são uma “traição” à Ucrânia](https://i3.wp.com/imagens.publico.pt/imagens.aspx/1977373?tp=UH&db=IMAGENS&type=JPG&share=1&o=BarraFacebook_Publico.png&w=1920&resize=1920,19&ssl=1)
Pete Hegseth, secretário da Defesa dos Estados Unidos, rejeitou nesta quinta-feira a ideia de que o acordo entre Donald Trump e Vladimir Putin tendo em vista o início “imediato” de negociações para um acordo de paz na Ucrânia possa ser entendido como uma “traição” aos soldados ucranianos.
À entrada para a reunião de ministros da Defesa da NATO, que se realiza em Bruxelas, o novo líder do Pentágono desfez-se em elogios ao Presidente norte-americano, descrevendo-o como o “melhor negociador do planeta” e sublinhando que é “a única pessoa no mundo” capaz de convencer as partes a porem fim ao conflito.
“Não há qualquer traição. É o reconhecimento de que o mundo inteiro e os Estados Unidos estão comprometidos com a paz, com uma paz negociada”, disse Hegseth aos jornalistas.
“É por isso que o Presidente Trump apelou ao aumento dos gastos em defesa em toda a NATO, para que os países europeus reconheçam que esta é uma ameaça urgente e real para o continente e que esta agressão deve ser um sinal de alerta”, afirmou ainda.
Depois de Hegseth ter dito, na quarta-feira, que um regresso às fronteiras anteriores a 2014 na Ucrânia era um “objectivo irrealista” e que os EUA não podiam garantir uma adesão futura do país invadido pela Rússia na NATO, Trump informou que falou ao telefone com Putin durante mais de uma hora para definir os próximos passos para o início de negociações de paz.
As declarações de Hegseth e a revelação de Trump apanharam os parceiros europeus da NATO de surpresa. Nas últimas horas, têm-se sucedido reacções preocupadas de ministros e governantes europeus, que enfatizam que não pode haver qualquer negociação que não inclua a Ucrânia e a Europa, principalmente se for esta última a assumir a responsabilidade pelas garantias de segurança do território ucraniano.
“Os nossos objectivos comuns devem consistir em pôr a Ucrânia numa posição de força. A Ucrânia e a Europa devem fazer parte de quaisquer negociações. A Ucrânia deve ser dotada de fortes garantias de segurança. Uma paz justa e duradoura na Ucrânia é uma condição necessária para uma forte segurança transatlântica”, lê-se num comunicado assinado pelos ministros dos Negócios Estrangeiros de França, Alemanha, Reino Unido, Polónia, Itália, Espanha e da Ucrânia, e pela Comissão Europeia, divulgado na quarta-feira à noite.
“A próxima tarefa é garantir que não haverá uma paz imposta [à Ucrânia]”, afirmou, já nesta quinta-feira, Olaf Scholz, chanceler da Alemanha, numa entrevista ao site Politico.
À entrada para a reunião da NATO, John Healey, ministro da Defesa britânico, concordou que o papel da NATO é “pôr a Ucrânia na posição mais forte possível para quaisquer negociações” e insistiu que “não pode haver negociações sobre a Ucrânia sem a Ucrânia.
Na mesma linha, Sébastien Lecornu, ministro francês, alertou contra os riscos de quem procura “paz através de fraqueza”, e Boris Pistorius, ministro alemão, admitiu que teria sido melhor se os EUA não tivessem feito concessões à Rússia antes sequer de as negociações começarem.
Já Mark Rutte, secretário-geral da NATO, garantiu que existe “convergência” entre os Estados-membros sobre o facto de “todos quererem paz na Ucrânia o mais rapidamente possível”. Mas defendeu que a segurança a longo prazo do país é importante, para impedir que Putin possa “conquistar” território ucraniano “no futuro”.