
Um juiz venezuelano emitiu na segunda-feira um mandado de prisão para o ex-candidato presidencial da oposição, Edmundo González, como parte de uma investigação criminal sobre os resultados de uma eleição contestada.
O mandado foi emitido a pedido das autoridades, que acusam González, um ex-diplomata, de vários crimes, incluindo conspiração, falsificação de documentos e usurpação de poderes. O mandado vem pouco mais de um mês depois que autoridades eleitorais declararam o presidente Nicolás Maduro o vencedor de uma eleição que seus oponentes dizem que ele perdeu.
As autoridades solicitaram o mandado depois que González não compareceu três vezes para responder a perguntas dos promotores em uma investigação criminal decorrente dos resultados eleitorais contestados.
Autoridades eleitorais leais ao partido no poder declararam Maduro o vencedor da eleição de 28 de julho, horas após o fechamento das urnas. Eles não mostraram nenhum resultado detalhado para respaldar sua alegação, como haviam oferecido em eleições presidenciais anteriores.
A falta de transparência atraiu condenação internacional contra Maduro e seus aliados.
O primeiro-ministro Justin Trudeau está pedindo à comunidade internacional que exija responsabilização pelos controversos resultados das eleições venezuelanas, nas quais Nicolás Maduro foi declarado vencedor.
A oposição, no entanto, conseguiu obter mais de 80 por cento das cédulas de contagem de votos, que são impressas por todas as máquinas de votação eletrônica, e disse que elas mostram que Maduro perdeu por uma ampla margem para González.
González foi intimado ao gabinete do promotor ainda na sexta-feira. O procurador-geral Tarek William Saab abriu a investigação contra González depois que ele e a líder da oposição Maria Corina Machado revelaram o que disseram ser os resultados mostrados nas folhas de contagem e os publicaram online.
O partido governista de Maduro e o Conselho Nacional Eleitoral se recusaram a publicar cópias das cédulas de votação impressas pelas máquinas eletrônicas após o fechamento das urnas.
Em vez disso, à medida que a pressão internacional aumenta para divulgar um detalhamento dos resultados, Maduro pediu ao tribunal superior do país para auditar o processo eleitoral. O Supremo Tribunal de Justiça, lotado de leais a Maduro, concluiu em 22 de agosto que as contagens de votos publicadas pela oposição eram falsas e certificou a vitória de Maduro.

González, 75, não fez nenhuma aparição pública desde o dia seguinte à eleição. Sua campanha não respondeu imediatamente a um pedido de comentário da The Associated Press.
Ele questionou as ações dos promotores por falta de garantias do devido processo legal e acusou Saab, um antigo aliado de Maduro, de ser um “acusador político” que “condena antecipadamente”. Ele rejeitou a intimação para entrevista, argumentando, entre outras questões, que ela não especificava as condições sob as quais ele deveria comparecer.
“Eles perderam todo o senso de realidade”, escreveu Machado, referindo-se ao governo de Maduro, no X, antigo Twitter, depois que a Procuradoria-Geral da República publicou o pedido de mandado no Instagram.
“Ao ameaçar o Presidente Eleito, eles só conseguem nos unir mais e aumentar o apoio dos venezuelanos e do mundo a Edmundo González.”
Uma revisão da AP das folhas de contagem divulgadas pela oposição indica que González ganhou significativamente mais votos do que o governo alegou. A análise lança sérias dúvidas sobre a declaração oficial de que Maduro venceu.
A AP processou quase 24.000 imagens representando os resultados de 79 por cento das máquinas de votação, resultando em tabulações de 10,26 milhões de votos. As folhas de contagem processadas também mostraram González recebendo mais votos em 20.476 recibos, em comparação com apenas 3.157 para Maduro.