A Apple concordou em pagar 95 milhões de dólares (cerca de 92 milhões de euros) para arquivar uma ação judicial coletiva em que a assistente virtual dos produtos da empresa, a Siri, era acusada de violar a privacidade de seus usuários ao gravar e divulgar conversas íntimas sem autorização.
A proposta de acordo foi apresentada esta semana no tribunal federal de Oakland, na Califórnia, e ainda carece de aprovação pelo juiz do caso.
Em questão estão reclamações de donos de iPhones que denunciam a gravação sistemática de suas conversas privadas pela Apple, após ativar a Siri de forma não intencional, e a divulgação do conteúdo dessas conversas para terceiros, como anunciantes.
Os assistentes virtuais activados por voz, softwares como Siri ou Alexa (da Amazon), reagem a certas palavras usadas pelos usuários para responder perguntas ou executar tarefas que lhes são solicitadas.
Dois dos demandantes afirmam que, depois de mencionar tênis da linha Jordan da Nike ou o restaurante Olive Garden, por exemplo, começaram a ver anúncios desses produtos ou estabelecimentos. Outro queixoso diz que começou a ver publicidade de uma determinada intervenção cirúrgica depois de discuti-la, em particular, com seu médico.
As reclamações remontam aos últimos dez anos, desde setembro de 2014, quando a Apple adicionou o recurso de ativação da Siri por voz, através das palavras “ei, Siri“, o que teria levado à produção inadvertida de gravações não autorizadas pelos detentores de telefones celulares.
O acordo permitirá agora a dezenas de milhões de consumidores norte-americanos receber, de forma compensatória, até 20 dólares (19,39 euros) por cada dispositivo adquirido num intervalo de tempo definido que funcione com a assistente Siri.
No acordo, a Apple nega ainda ter cometido qualquer irregularidade, não havendo uma admissão de culpa.
Os 95 milhões de dólares que a empresa norte-americana poderá gastar em pagamentos aos queixosos representam apenas cerca de nove horas de lucro para a Apple, que obteve um lucro líquido superior a 90 mil milhões no seu último ano fiscal.