
Uma distribuidora de frutos do mar em Newark, cidade no estado de Nova Jersey com forte presença de portugueses e luso-descendentes, foi alvo nesta quinta-feira de uma batida executada pelo ICE, a polícia americana de imigração e controle de fronteiras , informou o prefeito Ras J. Baraka. A operação resultou em um número indeterminado de prisões.
A empresa visada é detida por um português, apurou o PÚBLICO. Segundo a organização local de defesa de direitos dos imigrantes New Labor, citada pela estação de televisão Univision, os detidos serão oriundos da América Latina.
O PÚBLICO perguntou ao consulado-geral de Portugal em Newark se tem conhecimento de algum cidadão nacional ou luso-descendente que tenha procurado apoio consular, mas ainda não obteve resposta.
Nesta quinta-feira, o ICE anunciou por meio das redes sociais a interceptação de 538 pessoas e a prisão de 373 indivíduos em todo o país, sem oferecer mais detalhes. A agência policial disse não comentar investigações em andamento. A ação desta quinta-feira em Newark será uma das primeiras no âmbito das ordens de detenção e deportação de imigrantes indocumentados decretadas pelo presidente norte-americano, Donald Trump, a ocorrer em uma “cidade santuário”, designação dada a áreas onde as autoridades locais têm como política não cooperar com as autoridades migratórias federais.
Não foi porém a única a ocorrer nos últimos dias, registrando-se a prisão pelo ICE de um número indeterminado de pessoas em outras “cidades santuário” como Nova York e Boston.
Segundo o prefeito de Newark, eleito pelo Partido Democrata, a operação resultou na prisão de “residentes indocumentados, bem como cidadãos”, criticando o fato de a ação policial ter ocorrido “sem a apresentação de um mandado” judicial.
“Um dos detidos é um veterano das Forças Armadas norte-americanas que sofreu a indignidade de ver questionada a legitimidade dos seus documentos militares”, denunciou Ras J. Baraka em comunicado.
“Este ato escandaloso claramente viola a 4ª emenda da Constituição dos Estados Unidos, que garante o direito de as pessoas serem protegidas pessoalmente, e suas casas, documentos e bens, contra buscas e apreensões injustificadas”, continua o prefeito de Newark, que acrescentou que a cidade “não ficará impávida enquanto houver pessoas sendo aterrorizadas ilegalmente”. O prefeito encaminhou mais informações para uma coletiva de imprensa que acontecerá na sexta-feira.
Além da presença de uma comunidade portuguesa e luso-descendente antiga e bem integrada, bem como uma crescente comunidade brasileira, Newark tem inúmeros imigrantes hispânicos, nomeadamente da Venezuela e do Equador, que chegaram mais recentemente. Sua presença é particularmente visível na área do Ironbound, endereço de comércios, restaurantes e locais de convívio da comunidade portuguesa.