
Moção de confiança
É de todos conhecida a eventual queda do Governo e a dissolução da AR. Será esta a única solução? Vejamos: não será possível a substituição de Montenegro e a manutenção da actual coligação? Para o país, as vantagens afiguram-se-me óbvias, pois os danos com a dissolução da AR são imensos; para o Presidente, por ser o principal responsável pelos destinos de Portugal; para o chefe do Governo, por poder ser a única via para reabilitar o seu nome e poder calar, definitivamente, as suspeitas e calúnias. Basta que, uma vez fora do poder, Montenegro requeira a quem de direito (ou entidade independente) para sindicar toda a sua actividade fora do poder e durante o exercício do seu magistério. Não se argumente que a solução dada pelo Presidente aquando a saída de António Costa constitui um impedimento. A comparação parece-me abusiva. Naquele caso, o Presidente foi muito claro: a sua decisão escorou-se no facto de a maioria absoluta conquistada pelo PS ter assentado na pessoa de Costa – o que não sucede com a actual coligação; finalmente, a prevista dissolução da AR trava a comissão de inquérito para o caso das gémeas, que corre seus termos na AR. Ora, é do interesse do Presidente – para além das razões acima referidas – que tal inquérito prossiga e seja concluído a fim de se desvendar toda a verdade.
Diogo V. Alvim, Lisboa
Mistério
Tenho acompanhado a trapalhada nada transparente da empresa do primeiro-ministro. E constitui, para mim, um mistério ver, nos noticiários televisivos, no dia 8 de Março, em comício do PSD, o alinhamento de Leonor Beleza com o comportamento de Luís Montenegro, afirmando e cito: não existirem factos ilícitos ou até eticamente reprováveis. Averiguar a ilicitude cabe às instituições competentes. Quanto à ética na política, o comportamento de Montenegro é altamente reprovável.
O alinhamento de Beleza, conselheira de Estado, mulher cujo percurso admiro e respeito, é lamentável. Não posso acreditar que parte significativa dos eleitores se identifique com Montenegro.
Maria do Carmo Figueiredo, Lisboa
E no final quem ganha é o Chega
Em 50 anos de democracia, é a primeira vez que um político de topo não se demite quando sobre ele se levantam suspeitas fundamentadas. Parece haver um paralelismo entre a estratégia que o núcleo duro que aconselha o primeiro-ministro decidiu seguir e aquela que Trump tem utilizado na sua carreira política e que passa por “nunca admitir” e “atacar sempre”. É isto que o PSD está a fazer, procurando legitimar condutas inapropriadas com o voto popular.
Do Chega e André Ventura ninguém esperaria outra coisa. Mas Montenegro parece estar a querer ultrapassar o Chega pela direita. O que mais me surpreende é que políticos com uma grande carreira e prestígio como Leonor Beleza, José Pedro Aguiar-Branco ou Castro Almeida, estejam a dar credibilidade a esta loucura que só pode acabar mal para o país e para o PSD. A saída de Montenegro parece ser a única saída boa para esta crise.
R. Maria Lalande, Lisboa
O dia que mudou Portugal
Meio século passou, de um golpe ou intentona, a 11 de Março de 1975, que fica como uma data marcante da História em Portugal, e que quase que punha em risco as conquistas democráticas alcançadas no 25 de Abril de 1974, um dia que voltava a mudar Portugal, numa tentativa de golpe de Estado falhado e dirigida por António de Spínola, militar e político português, que acabou numa viragem que arruinou por completo a construção do socialismo. Devido ao falhanço da tentativa de golpe de Estado, refugiou-se em Espanha e dali partiu para o Brasil. Uma situação “quente” que só parou a 25 de Novembro do mesmo ano, graças à determinação, coragem e arrojo de um homem, o general Ramalho Eanes.
Mário da Silva Jesus, Codivel
A lama e o pântano
Em 2001, António Guterres, depois de uma grande derrota autárquica do PS em que perdeu as câmaras de Porto e Lisboa, para além de outras, abandonou o Governo e preferiu novas eleições invocando aquilo que ele denominou de “pântano”. Em 2025, Luís Montenegro fala de “lama”. É importante realçar muito fortemente que as posições de Guterres e de Montenegro nada têm em comum, pois Guterres nada fez pessoalmente, extragoverno, para o que aconteceu. Todavia, e em total contradição com Guterres, Montenegro é que criou, talvez por pensar que nada ia ser tão pormenorizadamente conhecido, a “lama” de que agora fala e de cujo aparecimento só ele é verdadeiramente responsável. A culpa das eleições antecipadas é, total e exclusivamente, dele. Tudo o resto é “lama” que Montenegro nos quer atirar para os olhos. Oxalá não consiga tirar ou simplesmente perturbar a visão dos eleitores.
Manuel Morato Gomes, Senhora da Hora