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Cartas ao director

Cartas ao director


Nós não pagamos aos deputados para isto!

O povo português não paga os salários dos senhores deputados para eles andarem a fazer de polícias e advogados uns dos outros e do Governo, motivados por óbvios interesses de baixa política. Para investigar eventuais ilícitos, existem entidades próprias, como a polícia de investigação, a Procuradoria-Geral da República e os múltiplos serviços de fiscalização, nomeadamente os fiscais.

Os deputados são eleitos essencialmente para legislar. Para adoptar as leis de que o país precisa. Para eliminar leis obsoletas e simplificar e melhorar o quadro legislativo da complexa realidade do país. É nisto que se devem concentrar, que é o que o país bem precisa. Para além disso, deveria ser condição prévia obrigatória para ser deputado, ter anteriormente criado uma empresa, ter criado emprego, pago salários e impostos e ter dado provas de saber gerir uma organização. Ter uma vida própria e autónoma dos partidos, para saberem o que é a vida real neste país.

Carlos Meira, Lisboa

A “Orbanização” da democracia na América

Na edição do PÚBLICO de 9 de Março, a articulista Teresa de Sousa, escrevendo sobre a situação nos Estados Unidos da América, diz-nos que ““… Donald Trump conseguiu destruir em pouco mais de um mês o que ainda subsistia da velha ordem internacional liberal que o seu país construiu e liderou depois da II Guerra. Essa ordem tinha como fundamento a defesa da democracia e do respeito pelos direitos humanos contra as autocracias e o apoio aos que lutavam pela liberdade nos quatros cantos do mundo”. É espantoso! A articulista acha mesmo que a actuação dos EUA no Vietname, no Chile, no Iraque, na Síria, na Indonésia, etc. lhe permite fazer uma tal afirmação?! A política externa norte-americana não foi sempre de potência e prepotência?! Onde é que isso é democracia e respeito pelos direitos de cada um?!

A questão da “Orbanização” e coisas que tais, ao contrário do que a articulista pressupõe, não é caso único. A propensão para a replicação do autoritarismo em cada vez mais países não resulta de uma pura inspiração dos políticos; não é fruto apenas de uma mera coincidência. Antes é fruto do alastrar das políticas neoliberais na economia dos países do mundo. O neoliberalismo leva à concentração da riqueza nas mãos dos potentados capitalistas; mas estes, na sua ânsia de lucros, trituram os interesses de todos os que lhe sofrem as consequências. O neoliberalismo conduz, por geração espontânea, à emergência de Estados prepotentes, um pouco por todo o mundo. Quem mais sofre são as classes laborais. Ao contrário do liberalismo ascendente que sucedeu ao feudalismo, este novo liberalismo é manifestamente descendente; corporiza a disfuncionalização de um sistema económico e o encerramento de uma etapa histórica. Coisa esta inevitável por qualquer sumidade política, por mais inteligente, truculenta ou ardilosa que seja.

António Reis, Vila do Conde

Onde mora a compaixão?

Num mundo que se encontra mesmo à deriva, sem memória histórica nem pulmão social e, muito menos, sem cultura identitária, o naufrágio criado pela ganância de alguns mostra como nunca a ausência de compaixão. Dói ouvir as notícias chocantes das guerras de cobiça: o genocídio impune na Palestina ocupada, a violência contra os alauitas na Síria, o longo fratricídio entre russos e ucranianos e a crueldade máxima, movida por interesses globais, no Congo e em vários palcos de conflitos menos mediatizados… As vítimas são os de sempre, os pobres, os civis, os danados da terra.

Por isso, volto a ler a Carta da Compaixão da escritora britânica Karen Armstrong (2008), que frei Bento Domingues trouxe a lume, um hino à tolerância, à inclusão, à paz e à força da fraternidade, valores que são (ou deviam ser) as “regras de ouro” essenciais do humanismo. É evidente o que move a agenda dos imperialismos belicistas: o lucro a todo o preço, a ânsia de predação ultraliberal, a falta de escrúpulos face aos recursos dos mais fracos, a indiferença perante a miséria, a terra queimada e a devastação ambiental que provocam.

Sim, Frei Bento é um santo, um caso de integridade e coragem que rareia num mundo de preconceito, soberba, desmemória e egoísmo. Mas é possível ficarmos apenas por esta crua constatação (o que seria magro conforto) e não deixar de tomar partido?

Vítor Serrão, Santarém



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