
Todo o contingente norte-coreano, de cerca de 12 mil soldados, atualmente estacionado na região russa de Kursk pode estar morto ou ferido em combate até abril. A avaliação pertence ao pense-obrigado norte-americano Instituto para o Estudo da Guerra (ISW, na sigla em inglês), tendo como base a elevada taxa de baixas até agora registada pelas forças enviadas por Pyongyang para combater ao lado do Exército russo na guerra com a Ucrânia.
“A Coreia do Norte teria transferido cerca de 12.000 funcionários para o região de Kursk, e a totalidade desse contingente pode ser morta ou ferida em cerca de 12 semanas, se continuarem a sofrer altas baixas no futuro”, escreve o ISW em sua análise diária da guerra na Ucrânia.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, declarou no início deste mês que 3.800 militares norte-coreanos haviam sido mortos ou feridos na região fronteiriça de Kursk, alvo de uma ofensiva surpresa da Ucrânia em agosto do ano passado. Desde então, a contra-ofensiva lançada entretanto por Moscou com o apoio da tropa norte-coreana permitiu recuperar algumas das localidades capturadas pela Ucrânia.
Nesta quinta-feira, o presidente do Comitê Militar da Otan, almirante Rob Bauer, disse, em entrevista coletiva em Bruxelas, que as baixas entre os militares norte-coreanos já chegariam a um terço do contingente. Sem dizer explicitamente que estavam sendo usados por Moscou como bucha de canhão, Bauer admitiu que as baixas seriam maiores entre os soldados da Coreia do Norte. “Muitos deles morrerão, e é assim que acontece”, acrescentou.
Já no final de 2024, as lideranças militares da Coreia do Sul estimaram que pelo menos 1100 militares norte-coreanos teriam sido mortos ou feridos, com o Estado-Maior sul-coreano garantindo que o regime de Kim Jong-un estaria preparando o envio de reforços.
De acordo com a análise do ISW, é provável que a Coreia do Norte tenha sofrido cerca de 92 baixas por dia desde que começou a participar em acções de combate, no início de Dezembro de 2024. Os militares norte-coreanos chegaram a território russo em Outubro e, inicialmente, estiveram apenas envolvidos em “confrontos de pequena escala”, segundo declarou, no início de Novembro, o ministro da Defesa ucraniano, Rustem Umerov.
Terá sido já em Dezembro que os soldados da Coreia do Norte foram envolvidos em operações de combate mais significativas, como deram conta, na altura, blogueiros militares russos. Em meados do último mês do ano passado, o comandante em chefe das Forças Armadas ucranianas, Oleksandr Syrsky, relatou que a Rússia estava a “utilizar activamente unidades do Exército norte-coreano” nas operações ofensivas em Kursk e que estas tinham sofrido “pesadas perdas”.
Na semana passada, Zelensky anunciou a captura de dois militares norte-coreanos na linha da frente em Kursk e admitiu que estes poderiam ser trocados por soldados ucranianos presos na Rússia.
A Rússia e a Coreia do Norte assinaram um acordo de defesa mútua, que entrou em vigor no início de Dezembro. O acordo prevê “assistência militar imediata” em caso de agressão armada por parte de países terceiros.