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Não somos malucas!

Não somos malucas!


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Alguns dias atrás, estava num almoço na casa de amigos e, num canto da cozinha, as mulheres falavam de uma coisa que, não muitos anos atrás, era um assunto considerado maldito: a menopausa. Discutimos tratamentos, trocamos nomes de médicos, xingamos os sintomas. Fiquei feliz de ver que hoje podemos conversar sobre isso sem qualquer vergonha ou embaraço.

A primeira vez que me dei conta de que alguma coisa estranha acontecia com mulheres na faixa dos 50 anos foi no final da adolescência. Estava com a família nas férias e, vira e mexe, minha tia se abanava, reclamava do calor e tirava o casaco. Depois de alguns minutos voltava a colocar a peça. Mas, para o resto das pessoas, a temperatura parecia totalmente estável. Como ninguém comentou nada, pareceu só uma maluquice temporária.

Não dei muita bola a essas esquisitices até que, trinta anos depois, elas começaram a acontecer comigo. Pouco antes de fazer 50 anos, meu ginecologista pediu exames para checar os níveis dos meus hormônios. Eu não tinha sintomas e me sentia normal. Menos de dois meses depois, como se fosse uma maldição, a tempestade hormonal começou: calores que surgiam do nada, como se o corpo fosse explodir, inclusive durante a noite, mau humor, confusão mental, insônia, falta de libido, dores nas articulações… Enfim, o pacote praticamente inteiro.

Voltei ao médico, refiz os exames, que mostraram que meus níveis de estrogênio e progesterona estavam baixos, e comecei a fazer terapia de reposição hormonal. A nossa sorte é que, ao contrário das gerações passadas, hoje muitos médicos estão atentos às alterações causadas pela menopausa, e temos algumas opções para passar por essa fase da maneira mais suave possível.

Além disso, as mulheres que estão chegando aos 50, como minhas amigas, gostam muito de falar e de aprender sobre o assunto. Hoje, temos vários canais com informações sobre a menopausa: reportagens, livros, blogs, sites e perfis nas redes sociais. As mulheres não precisam mais sofrer sozinhas nem ser chamadas de malucas por uma condição absolutamente normal dessa fase da vida.

Para calores, alterações de humor e de peso e baixa lubrificação, os médicos indicam hormônios. Se a mulher ou uma parente próxima teve câncer de mama, de ovário ou de endométrio, tem problemas de fígado ou de coração, ou se ela simplesmente não pode repor os hormônios por qualquer motivo, antidepressivos muitas vezes ajudam a contornar os sintomas.

Para ressecamento ou atrofia genital e incontinência urinária, entre outras questões, existem até aplicações de laser, que aliviam os problemas. Terapias alternativas, certos alimentos, exercícios e meditação também fazem parte da extensa gama de indicações para os vários transtornos que essa fase pode trazer. Em geral, eles são excelentes para aumentar a atenção e os cuidados com a saúde, mas não apresentam resultados tão bons.

Ao voltar do Brasil em fevereiro, precisei mudar de marca de hormônio e estou até agora tentando ajustar a dose de estrogênio necessária para não ter calores e outros sintomas. Até minha próxima consulta médica, vou fazer como a minha tia: tirar e colocar o casaco o tempo todo. Em breve, no entanto, talvez tenha que parar de tomar esses hormônios, porque os médicos em geral não recomendam seu uso por mais de 10 anos. E aí, como vai ser?

Já estava preocupada com o futuro quando vi uma boa notícia na semana passada. Duas indústrias farmacêuticas já registraram novos medicamentos, não hormonais, para ajudar a controlar pelo menos as ondas de calor e a insônia. Um deles, o Elinzanetant, deve começar a ser vendido na Europa em 2025. O outro, Fezolinetant, já está à venda em alguns países, mas não em Portugal. De qualquer maneira, vale consultar seus profissionais de saúde para saber mais a respeito. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que, até 2030, haja um bilhão de mulheres na menopausa no mundo. Fico feliz que a medicina esteja de olho nesse filão gigantesco da população.

Alguns alimentos são conhecidos por ajudar a aliviar os sintomas da menopausa, como a linhaça, a soja e o chocolate. Por isso, segue uma receita deliciosa de musse com esses ingredientes.

Musse de chocolate vegano

> 600 gr de tofu seda

> 300 gr de chocolate 70% de cacau ou mais

> 1 colher de farinha de linhaça

> 1 colher de açúcar ou xarope de tâmaras

Bata num liquidificador o tofu, o xarope e a linhaça. Se precisar, mexa com uma colher até que fique tudo bem homogêneo. Aqueça o chocolate picado em banho-maria (uma tigela de vidro sobre uma panela com água fervente). Coloque o chocolate derretido no liquidificador e misture bem. Ponha em tacinhas e deixe na geladeira por pelo menos duas horas.



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