
A suspensão das chamadas tarifas recíprocas de Donald Trump na semana passada não tira validade às taxas que já estão em vigor no sector automóvel. As importações de automóveis para os EUA passaram a pagar mais 25% à entrada no início deste mês e já há quem tenha feito as contas a quanto é que os norte-americanos vão desembolsar a mais se quiserem comprar um automóvel importado.
Uma análise da Goldman Sachs citada pela CNBC estima que os preços dos carros novos nos Stands norte-americanos possam subir nos próximos seis a 12 meses qualquer coisa entre dois mil (1765 euros ao câmbio actual) e quatro mil dólares (3500 euros).
Por outro lado, o Center for Automotive Research, citado pela Reuters, concluiu que as novas tarifas irão aumentar este ano em cerca de 108 mil milhões de dólares (cerca de 95 mil milhões de euros) os custos das fabricantes norte-americanas.
No caso das três grandes empresas de Detroit – Ford, General Motors e Stellantis – os custos adicionais ascenderão a 42 mil milhões de dólares (37 mil milhões de euros).
Não só se espera que entrem em vigor no início de Maio novas tarifas de 25% sobre as partes e componentes automóveis, como estão já a ser aplicadas tarifas de 25% sobre o alumínio e o aço, que também têm impacto no sector automóvel.
Na prática, estas empresas pagarão em média tarifas de quase cinco mil dólares (4400 euros) por cada peça importada para os carros produzidos nos EUA e a 8600 dólares (7585 euros) por cada automóvel importado.
Também de acordo com a CNBC, a consultora especializada no sector automóvel Telemetry acredita que a subida de preços para o consumidor poderá traduzir-se em menos dois milhões de automóveis vendidos este ano no mercado norte-americano.
Uma das justificações de Donald Trump para a introdução das tarifas comerciais tem sido o objectivo de reforçar a produção industrial e o emprego nos EUA, mas ainda na semana passada a Stellantis (dona das marcas Abarth, Alfa Romeo, Citroën, DS Automobiles, Fiat, Jeep, Maserati, Opel e Peugeot) anunciou a dispensa temporária de 900 trabalhadores em cinco fábricas dos Estados Unidos e interrompeu a produção em unidades de montagem no México e Canadá.
A empresa enviou uma carta aos trabalhadores a dizer que continua ““a avaliar os efeitos a médio e longo prazo” das tarifas nas suas operações, mas também decidiu “tomar algumas medidas imediatas”.
No ano passado, o México foi a principal fonte de importações de automóveis dos EUA, representando 16,2% da quota de mercado, seguindo-se Coreia do Sul, Japão e Canadá, com quotas de 8,6%, 8,2% e 7,2%, respectivamente. A Alemanha ficou em quinto lugar, com as suas exportações de automóveis para os EUA a representarem 2,7% das vendas totais, sintetiza a Euronews.