
Graças à renovação do hospital de dia de adultos da Unidade Local de Saúde (ULS) São João, no Porto, em casos de emergência, os doentes hemato-oncológicos e oncológicos já podem recorrer ao atendimento não programado do doente agudo em vez de se dirigirem ao serviço de urgência, o que pretende contribuir para “aliviar” a procura deste serviço.
Segundo a directora do Serviço de Hematologia Clínica da ULS São João, Fernanda Trigo, a requalificação e a modernização do edifício, que será inaugurado esta quinta-feira, 19 de Março, trouxeram “melhores condições” de atendimento aos doentes e aos profissionais de saúde, como também “circuitos muito mais célebres, funcionais e eficazes” principalmente para o atendimento do doente agudo. Além de apresentar novos espaços para consultas e para tratamentos oncológicos e não oncológicos, o novo hospital de dia tem também novas instalações para a farmácia de preparação de medicamentos. Como obras, que se estenderam ao serviço de radioterapia, implicaram um investimento de mais de cinco milhões de euros.
Para Fernanda Trigo, a criação de uma área destinada ao atendimento não programado do doente agudo — “hemato-oncológico e oncológico” — é “uma mais-valia” para os pacientes. “Antes, os doentes tinham de ir ao serviço de urgência e, agora, não necessitam de o fazer”, explica, referindo que estão a avisar os seus doentes que é ali que se devem dirigir, onde encontram “um espaço de atendimento permanente entre as 8h00 e as 20h00, com óptimas instalações e médicos e enfermeiros em permanência”.
Se, por um lado, este atendimento “alivia” e retira estes pacientes das urgências, evitando que tenham de esperar e permanecer em espaços lotados, onde podem estar expostos a outras doenças, esta área permite ainda também auxiliar ao nível do internamento.
“Nós conseguimos aliviar o internamento e dar altas mais precoces”, refere, explicando que, com esta nova área, os utentes hemato-oncológicos ou oncológicos que, por exemplo, ficavam internados durante um maior número de dias – porque precisavam de realizar análises no fim do internamento – já podem ter alta e regressar para realizar as mesmas posteriormente no atendimento do doente agudo e com marcação. Na verdade, com esta nova resposta, a média de dias de internamento destes utentes diminuiu de 17 para 15 dias, adianta a profissional de saúde.
Ao serviço de urgência da ULS São João, chegavam diariamente, em média, cerca de 12 a 15 doentes agudos, sobretudo hemato-oncológicos. Agora, podem dirigir-se à nova área de permanência que foi desenhada para lhes dar resposta.
Um doente muito complexo
“O doente agudo não é igual a um paciente que chega às urgências com uma gripe, é muito mais complexo. No mínimo dos mínimos, vai precisar de análises ao sangue, vai precisar eventualmente de um raio-X pulmonar, de uma ecografia, poderá precisar de fazer soro, transfusões de sangue ou transfusões de plaquetas”, diz, explicando que todo esse processo faz com que passem cerca de três a quatro horas em tratamento. Sem estas pessoas nas urgências, Fernanda Trigo admite que este serviço torna-se “teoricamente mais célere”.
Em casos de urgência, os doentes agudos que precisem de ser avaliados e que não tenham consulta ou tratamentos marcados poderão ser “logo atendidos” e seguidos por uma equipa criada para estas situações na nova área de permanência. “Temos uma escala do atendimento agudo e temos uma escala para as urgências”, afirma Fernanda Trigo, assegurando que não vão ser “desviados” profissionais de saúde do serviço de urgência para o atendimento não programado destes pacientes.
À semelhança do que acontece com a zona de permanência, a Uls é composta ainda pelo Hospital multiusoque dá resposta a doentes com doenças crónicas quando precisam de algum tipo de acompanhamento, evitando que estes se dirijam às urgências.
O Hospital de Dia de Adultos realizou, no último ano, mais de 100 mil consultas, disponibilizou cerca de 70 mil sessões de tratamento a mais de dez mil pacientes e 30 mil tratamentos de radioterapia. Em comparação com 2023, a unidade hospitalar verifica um aumento de 7,66% ao nível do número total de consultas, e um acréscimo de “6,3% nas sessões, 5,3% no número de utentes e 16% nos tratamentos de radioterapia”, avançou a Uls em comunicado.