
Desde Agosto de 2024, quando a Organização Mundial da Saúde (OMS) voltou a considerar a MPOX (antes conhecida como varíola-dos-macacos ou Monkeypox) uma emergência internacional de saúde pública, a situação não melhorou. Os surtos de MPOX têm aumentado desde o Verão de 2024 e o início deste ano não tem sido mais auspicioso, com vários casos registados fora do continente africano. Por isso, a OMS mantém a MPOX com o estatuto de emergência internacional de saúde pública, como comunicou esta quinta-feira o seu director-geral, Tedros Adhanom Ghebreyesus.
A decisão de voltar a declarar a MPOXem 2024, como uma emergência internacional de saúde pública, pela segunda vez em três anos (a outra tinha sido em 2022), deveu-se então à emergência de uma nova variante do vírus que tem sido muito presente na República Democrática do Congo. Este país da África Ocidental, a braços também com um conflito interno, tem sido fustigado pela infecção, com 1477 mortes registadas no último ano e mais 15 mil casos confirmados de MPOX (os casos suspeitos, sem confirmação laboratorial, chegam aos 75 mil).
Apesar da quebra nos casos confirmados de MPOXo conflito armado entre o Governo e o grupo rebelde M23 impede interpretações claras da situação na República Democrática do Congo. Por exemplo, na semana passada, segundo os Centros de Prevenção e Controlo de Doenças de África, fugiram pelo menos 400 pessoas com MPOX dos centros de tratamento. A destruição de quatro instalações médicas também tem dificultado um acompanhamento mais detalhado.
Mas não é só um problema da República Democrática do Congo. A subvariante Ib é uma nova forma do vírus que tem atraído mais atenção, dado que parece ser mais letal e transmissível – embora as provas sobre isso ainda sejam limitadas. O surto provocado por esta variante, tem sido visível sobretudo no Uganda e no Burundi, para além da República Democrática do Congo. No entanto, além destes três países, há outros dez Estados africanos com casos confirmados desde o início do ano – são mais de quatro mil casos no total.
Fora do continente africano, esta variante Ib também tem estado bastante presente, com casos detectados na Ásia, na América e na Europa, todos através de doença importada – ou seja, através de viajantes de países com casos de MPOX ou que visitaram recentemente estes países. Na Europa, já foram identificadas pessoas com esta infecção na Alemanha, Bélgica, França, Reino Unido e Suécia.
Este vírus está dividido em dois grupos de variantes: a I e a II. Enquanto esta última, que desencadeou uma epidemia global com casos em todos os continentes em 2022 e 2023, tem maior capacidade de transmissão, mas provoca menos mortes, a variante I tem uma taxa de mortalidade bastante mais elevada – as estimativas rondam entre os 5% e os 10% de mortes entre os infectados.
Os casos importados são, habitualmente, uma “oportunidade” para o vírus se infiltrar em territórios mais adversos à sua presença, podendo permitir a transmissão da doença para outras regiões. No entanto, os cuidados de saúde e condições de higienização em países como os da União Europeia limitam essa capacidade contágio.
A escassa disponibilidade de vacinas, acesso a cuidados básicos de saúde e higiene e a desinformação têm justificado as taxas de mortalidade elevadas destas infecções virais, como a MPOXnestes países africanos. Desde o Verão passado que a Comissão Europeia e vários países que tinham comprado vacinas contra a MPOX aquando da crise de 2022 decidiram doar as doses aos países africanos. Entre as 700 mil doses já enviadas, foram administradas 200 mil em seis países que já receberam as vacinas (Costa do Marfim, Libéria, Nigéria, República Democrática do Congo, Ruanda e Uganda).