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Lisboa se prepara para abrir a temporada de festivais em Portugal com a edição de 2025 do Sónarum dos mais respeitados eventos de música eletrônica do mundo. Nos dias 11, 12 e 13 de abril, o Parque Eduardo VII será palco de um encontro musical que celebra a diversidade e a vanguarda sonora, reunindo artistas de Portugal, Europa, Brasil, África e outros cantos do mundo. O festival, que também passa por Istambul antes de sua 32ª edição em Barcelona, reforça a posição de Lisboa como um epicentro da cena eletrônica global.
Enric Palau, um dos fundadores do Sónar, destaca a importância da ligação da cidade com diferentes territórios musicais. “Lisboa tem uma conexão muito forte com a Europa, com a África e com o Brasil. Isso está refletido no lineup, que conta com quase 50 artistas, sendo metade deles parte desta cena diversificada”, afirma. Para ele, o Sónar Lisboa 2025 traz um perfil mais subterrâneoexplorando sonoridades emergentes e estabelecendo um diálogo entre as diferentes influências que marcam a evolução da eletrônica contemporânea.
Nuno Correia
O festival aposta na constante renovação e na descoberta de novos talentos. “Ao longo de 30 anos, construímos uma grande rede de contatos e parcerias ao redor do mundo. Isso nos permite trazer músicas inovadoras, criando uma experiência que é, ao mesmo tempo, festa e descoberta”, diz Palau. Essa curadoria se reflete na presença de nomes como Gabber Eleganza e Clementaum, bem como na seleção de artistas que resgatam e reinventam estéticas como o funk carioca, um gênero que atravessou transformações desde os tempos de DJ Marlboro até as novas roupagens contemporâneas.
Um dos grandes destaques do evento será a apresentação do Underworld, a lendária dupla britânica que conquistou fama mundial com a icônica Nascido Slippyimortalizada na trilha sonora de TrainSpotting. No Sónar Lisboa, o duo trará as faixas do recém-lançado álbum Hotel Strawberryprometendo um set hipnótico que transita entre clássicos e novas experimentações sonoras.
Festa brasileira
Entre os artistas brasileiros no lineup, destaca-se Saint Caboclo, DJ e produtor paraense que vive em Lisboa há 12 anos. Criador da festa inclusiva Dengo Club, ele enfatiza o caráter comunitário da sua proposta. “O Brasil me inspirou a criar um espaço de encontro para pessoas diversas. Aqui em Lisboa, senti que faltava esse senso de comunidade que existe nas festas brasileiras”, explica. No Sónar, ele promete um set especial, repleto de surpresas e com apresentação de músicas originais.
Arquivo Pessoal
Outro brasileiro presente é o DJ e produtor Quant, 20 anos, que retorna ao festival depois de ter participado de uma apresentação espontânea com Mochakk há dois anos. No ano passado Qaunt participou do festival Coala de Portugal, no mesmo dia que Gilberto Gil e Jorge Ben Jor cantaram. “Quando recebi o convite oficial do Sónar, foi um momento de celebração. Lisboa é uma cidade onde todos estão conectados, e poder tocar nesse festival é um marco na minha trajetória”, diz. Seu set promete transitar pelo house dos anos 90 e outras sonoridades que dialogam com a pista de forma orgânica.
Para além da música, o Sónar Lisboa também aposta na transmissão de conhecimento. Patrícia Craveiro Lopes, uma das organizadoras do evento, destaca as Master Classes gratuitas, que acontecem no dia 11 de abril. “Serão três sessões com artistas compartilhando seu processo criativo. É uma forma de abrir espaço para discussões e trocas dentro da cena”, afirma. Com início às 15h, as sessões ocorrerão em um espaço especial dentro do Parque Eduardo VII, sujeito à lotação.
Lisboa da miscigenação
Lisboa, como ressalta Craveiro Lopes, é um ponto de convergência entre diferentes influências. “A cidade é um reflexo da miscigenação europeia, com forte presença das comunidades brasileira e africana. O Sónar busca traduzir essa diversidade através da sua programação”, destaca. O festival, ao longo das suas edições, tornou-se um espaço onde novos estilos e ideias se encontram, moldando o futuro da música eletrônica.
Quant, de 20 anos, chega ao Sonar com o seu som techno house e sua dupla herança brasileira e portuguesa
Arquivo pessoal
Com uma curadoria que equilibra nomes consagrados e artistas emergentes, o Sónar Lisboa 2025 promete consolidar a cidade como uma das capitais globais da eletrônica. A expectativa é de que o festival atraia milhares de pessoas em busca de novas experiências sonoras e de uma celebração coletiva marcada pela inovação e pela inclusão.
Para quem deseja vivenciar essa fusão de ritmos, o Sónar Lisboa surge como uma oportunidade única de imersão no que há de mais pulsante na cena eletrônica global. Mais do que um festival, é um ponto de encontro entre culturas, ideias e sons que estão a redefinir o futuro da música.