Tiago Mayan Gonçalves foi expulso da Iniciativa Liberal depois de ter falsificado assinaturas enquanto presidente da União de Freguesias de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde.
A comissão julgadora do Conselho de Jurisdição da Iniciativa Liberal concluiu o processo disciplinar de Tiago Mayan Gonçalves, antigo candidato à liderança da IL e fundador do partido, “tendo deliberado pela sua expulsão”, lê-se numa nota enviada pelo gabinete de imprensa do partido .
Quando foi tornado público que Mayan Gonçalves tinha falsificado assinaturas, a 7 de Novembro de 2024, Rui Rocha, líder da IL, anunciou que foi aberto um processo disciplinar contra o liberal para “apurar as responsabilidades” e “determinar as consequências” que uma “ conduta desta natureza implicam”. E deixou o aviso: “No limite, aquilo que pode estar em causa é uma expulsão do partido, confirmando-se os factos.”
Em causa está o facto de Mayan Gonçalves ter forjado assinaturas, numa acta da reunião do júri do Fundo de Apoio ao Associativismo Portuense, enquanto presidente da União de Freguesias de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde – cargo para que foi eleito nas autárquicas de 2021 . Na sequência do caso, que já levou o Ministério Público a abrir um inquérito para investigar a actuação do antigo autarca, Mayan Gonçalves demitiu-se do cargo e acabou também por desistir da candidatura a líder da IL.
O antigo candidato presidencial apoiado pelos liberais admitiu ter falsificado assinaturas, mas garantiu que nunca se apropriou de quaisquer fundos. “Os acontecimentos que conduziram à minha demissão não serviram de modo algum para meu benefício pessoal. Quero deixar bem claro que nunca, de forma alguma, me apropriei de quaisquer fundos e que o meu objectivo sempre foi permitir que as associações beneficiárias destes fundos não ficassem prejudicadas por quaisquer falhas procedimentais, bem como assegurar a prossecução dos seus projectos em serviço da população e do interesse público”, sublinhou, numa carta escrita enviada à Lusa, assumindo que se tratou de um acto “manifestamente irreflectido e censurável” do qual se arrepende “profundamente”.
No entanto, garantiu que o seu acto “não alterou em nada” o conteúdo da decisão do júri do Fundo de Apoio ao Associativismo, visando apenas justificar a dispensa de um prazo de audiência prévia que, apesar de imposto por lei, em nada havia alterado as decisões em edições anteriores do fundo.
Foram várias as vozes liberais que repudiaram o comportamento do antigo autarca, pedindo-lhe que se desvinculasse do partido.
Rui Rocha sublinhou, em declarações aos jornalistas, um dia depois do caso ter sido tornado público, que “a reacção da IL e do seu presidente é de repúdio total pelos actos praticados que são conhecidos e que aparentemente constam até de uma acta e foram já confessados por Tiago Mayan”.
O deputado e antigo presidente dos liberais, Carlos Guimarães Pinto, numa publicação na rede social X, pediu mesmo a Mayan que se desvincule da IL “pelo próprio pé”, de forma a proteger “a imagem do partido que ajudou a fundar”.
Também no X, o deputado Bernardo Blanco escreveu que “um membro da Iniciativa Liberal que comete tal crime só pode ser expulso”.