“Estou à beira de tomar uma decisão”. António Vitorino afirmou esta tarde, em Lisboa, que “em breve” vai anunciar se será candidato a Presidente da República.
A seguir a um debate promovido pela Sedes Jovem sobre migrações, António Vitorino foi interpelado pelos jornalistas sobre a hipotética candidatura a Belém. Afirmou que “não quer criar nenhum Suspense” mas que “está para breve” o anúncio da decisão. “O que for soará” [uma fórmula humorística de dizer ” o que for será “], comentou o ex-presidente da Organização Internacional para as Migrações, com o seu já conhecido sentido de humor.
Na sua intervenção no debate, António Vitorino revelou que um amigo lhe mostrou a sua estranheza de neste momento – diga-se, momento de apresentação de candidaturas – ir falar de imigração, “um tema tóxico”. “Vê lá se isso não te prejudica”, avisou o amigo citado por Vitorino, que aproveitou para fazer humor com a sua protocandidatura a Belém: “Não sei em que é que ele estava a pensar”. E Vitorino afirma pensar o oposto do amigo: “Eu penso o contrário. Se quisermos pensar Portugal sem tabus há que pensar em imigração”.
Presidente do Conselho Nacional para as Migrações e Asilo, Vitorino participou esta tarde na conferência “Pensar Portugal”, organizada pela Sedes Jovem, num painel que debateu o futuro das políticas migratórias. A iniciativa, a decorrer na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, contará também com a presença, esta tarde, de Henrique Gouveia e Melo, que vai debater o papel de Portugal no mundo.
A direcção do PS está convicta que António Vitorino vai apresentar mesmo a sua candidatura presidencial. O argumento principal é o facto de ainda não ter comunicado a sua recusa. Amigos de Vitorino dizem ao PÚBLICO que em caso algum o antigo ministro deixaria o PS em suspenso este tempo todo para dizer que não. O prolongamento da reflexão de Vitorino – os dirigentes do PS gostariam que ele avançasse em Fevereiro – faz com que os defensores da candidatura estejam muito optimistas.
Carlos César chegou a convocar a Comissão Nacional do PS para “decidir” relativamente à candidatura no início do mês. Mas sem fumo branco de Vitorino, a reunião acabou por ser um “flop” para a direcção. Não só o nome de Vitorino não foi referido como alguns militantes demonstraram a sua preferência por António José Seguro. No final, o perfil de candidato ideal do PS foi alargado pelo próprio Pedro Nuno Santos que, antes da reunião, afirmava ser a “experiência internacional” fundamental para o candidato do PS. Depois dessa reunião, o secretário-geral do PS afirmou-se equidistante entre os nomes de Vitorino e Seguro.
Mesmo com Vitorino a avançar com o apoio do PS, António José Seguro não tenciona desistir. Será, nas suas palavras, “o candidato da cidadania”, como disse num jantar de pré-campanha em Celorico de Basto no sábado passado.